quarta-feira, 18 de junho de 2014
Ghost In The Shell e o que é a consciência e (o) ser humano
02:29
| Postado por
Unknown
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Starting transmission...
“Ano 2029. O homem atingiu a perfeição... Tornou-se máquina. ” Essa frase estampa o DVD de Ghost in The Shell, um filme de animação dirigido por Mamoru Oshii, que é uma adaptação do mangá homônimo de Masamune Shirow.
Starting transmission...
“Ano 2029. O homem atingiu a perfeição... Tornou-se máquina. ” Essa frase estampa o DVD de Ghost in The Shell, um filme de animação dirigido por Mamoru Oshii, que é uma adaptação do mangá homônimo de Masamune Shirow.
Sendo
uma das obras mais aclamadas de todos os tempos dentro do gênero cyberpunk, Ghost
In the Shell mostra uma evolução tecnológica tão grande a ponto dos seres
humanos possuírem implantes capazes de melhorar seu desempenho e habilidades,
ou até mesmo terem seus corpos completamente robotizados da cabeça aos pés,
além de, no lugar da mente, possuírem cyber-cérebros, que funcionam como
verdadeiros computadores capazes de controlar todas as funções do organismo
humano, armazenar todas as informações e experiências adquiridas pelo
individuo, e ainda se conectar à rede, seja através de algum cabo, por onde a
informação é enviada pelo córtex cerebral, ou mesmo wireless.
Todos que possuem o cyber-cérebro – que no caso é basicamente
todo cidadão do planeta Terra – possui o que é chamado de Ghost, que é
basicamente um programa gerado com base nas experiências de vida da pessoa,
definindo sua personalidade e o modo de interação dela com o ambiente. Em termos
gerais, é a consciência do ser humano.
O que torna o enredo da trama interessante é justamente esta
questão filosófica abordada por Mamoru Oshii sobre o que é fato ser humano, ou
mesmo a consciência de que se é um ser humano. Ou o que é a consciência em si.
Convido você, caro leitor, a se colocar na realidade de 2029
apresentada no filme e fazer o seguinte exercício: em um dado momento, partes
de seu corpo, não só externamente, mas internamente são substituídos por
próteses e implantes cibernéticos que te fazem melhorar suas capacidades. Membros
mais ágeis e fortes, olhos capazes de enxergar em resoluções e definições
maiores, ouvidos que podem captar uma gama mais abrangente de frequências
sonoras, inclusive um fígado cibernético capaz de sintetizar as moléculas do
álcool permitindo evitar o mal estar do dia seguinte à bebedeira. E no lugar de
seu cérebro, um cyber-cérebro, vide descrição no começo deste texto. Nesse
caso, agora em sua caixa craniana também modificada, há um supercomputador com
todas as suas informações e experiências de vida armazenadas.
Em um momento qualquer, você acorda. Seu corpo foi todo
modificado e agora há uma máquina em sua cabeça informando que este é
você. Todas as suas lembranças,
informações e conhecimento estão lá armazenados. Mas será que essa criatura de
fato é quem pensa que é, ou não passa de um robô de aparência humana fingindo
ser alguém, que nesse caso é você?
Outro momento onde as questões anteriormente citadas são levantadas
é na apresentação de um programa de computador criado para varrer a rede a todo
momento com o objetivo de espionagem política internacional. Exposto o tempo
todo a infinitos Terabytes de informação, o programa começa a se entender como
um ser existente, basicamente se tornando uma inteligência artificial
exatamente idêntica a inteligência real de um ser humano. Em outras palavras, o
programa adquire consciência.
De modo geral, humanidade e consciência são coisas de certa
forma abstratas, cujas quais podemos tentar encontrar uma definição, mas coisas
mais facilmente sentidas que descritas, e sempre atreladas a nós na condição de
seres viventes, racionais e, porque não, orgânicos. Nessa circunstância, poderíamos
nós termos a capacidade de nos modificarmos a ponto de não perdermos essas duas
características fundamentais, ou seja, continuarmos sendo humanos e não máquinas
emulando sensações humanas? Ou quem sabe como o programa espião já mencionado, ou
o homem bicentenário de Isaac Asimov, uma máquina teria no futuro a capacidade
de simular a inteligência e a percepção de mundo que nós temos, a ponto de
poder ser considerada uma criatura humana?
Em vias gerais, faz parte do ser humano o questionamento e a
curiosidade de saber como as coisas funcionam, tentar desvendar a lógica da
vida, do universo e tudo mais. E talvez nunca cheguemos a uma resposta
concreta, nem teremos todas as verdades que procuramos. Provavelmente tudo que
foi aqui argumentado não tenha uma resposta até o fim de nossa existência. O
que não nos impede de levantar tal questão fundamental: o que é a vida afinal
de contas?
End transmission
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